[vi luz por trás de um negativo]
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
sábado, 26 de janeiro de 2013
São vozes, senhor. São vozes..
Cigarros que convidam, à medida
que caem do maço, e rolha sempre fez bem, já bebi litros dela e já perdi a
conta à quantidade de merda que já fumei, até hoje, este frasco que é minha
carne, vai andando.
Saudade de ouvir um disco e escrever sem memória de mulher.
Sigo um conselho amigo, já há muito lhe devia ter dado ouvidos (um dos poucos
bons que tiveram que ficar para trás), mudo a temperatura de cor da sala, um
tom mais quente, um ambiente relaxado [talvez até demasiado relaxado].
- Não! Que estou a fazer.. Vozes,
voltaram e eu volto a falar com elas.
Que tormenta, não tenho medo, nem
me sinto assustado, é familiar. Só pensava que não as tinha estado a ouvir. Elas
sempre aqui estiveram, estão agora aqui, ao meu lado [sentes-me na garrafa do
vinho, ou no calor que tens entre as pernas?!], subjugo o pensamento a outras
paragens o movimento incessante na cadeira faz de mim tornado, não giro nem
sopro mas tenho o epicentro da paz num breve instante. [pedras furadas, mulheres
bonitas, num por do sol sem sol, navios distantes e desejados, gaivotas que
voavam na fuga de não querer saber, ahh.. que houve de romântico em ti?!]
Raios (esta é nova).
Hoje é noite de lua cheia, tudo
agora faz algum sentido, [pensas tu] verdade das verdades, de ti não tinha
saudades. Estás-me sempre e levar para aí.. Ainda agora que a noite cai me
recordas do acordar, tardio (demasiado tardio pois o frasco da carne anda cansado,
rachado e alimentado por sabão que adormece), uma toalha branca (ou rosa?! daquele clarinho..) num estendal
que não é estendal, uma memória que guardo, que não quero mais pensar, [hás-de
pensar nela, pensarás, eu lembrar-te-ei, dela, da outra, daquela, da pequenina,
da tipa da esplanada onde ainda hoje por vezes lá vais esperar] ainda lá
vou?! Isso foi de à tanto tempo e ainda lá vou, que confusão, não te quero, não
te quero mais, quero não saber mais das escadas verdes e do vaso partido, não
quero perder-me em pensamentos nas tiras de papel pintado que te enfeita as
paredes, nem daquele corpo de mulher gasta com cara de pássaro triste e uma
legenda numa língua ainda mais triste, não quero lembrar, não quero mais falar
de ti (mas queres falar com ela), não quero mais pensar nas meias rasgadas, das
toalhas, nas almofadas e dos tempos passados sentado na cozinha fria, na
companhia de bichos bons e bichos maus, memórias e fantasmas, de duvidas incessantes e de um medo
terrível de te perder.
Enquanto isso esperava a tua ansiada chegada.(como queres tanto estar à espera dela)[como
tanto te mentes]
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
3coisas
Sabe-se que se chegou a algum lado no desespero (quando se bateu mesmo fundo), [pode ser o aproximar da tona do lodo] quando se fazem três coisas [, coisas], três apenas (, coisas).
Primeira
Procuramos o amor, [a alma gémea, o mais que tudo, a paixão da vida, o môr, a merda que lhe queiram chamar] nos bancos do comboio. Aquela emoção da adrenalina e testosterona de ver quem entra na carruagem e com uma sede súbita lamber com os olhos a procura de outros olhos.
Segunda
Ouvir incessantemente os mesmos discos que já se sabe que transtornam e incomodam (sabe bem este masoquismo, algum prazer se extrai da dor, não me o negue), ouvi-los repetidamente e misturar sentidos com sentimentos, criar uma bola amachucada de papel pardo, de um papagaio antigo de uma criança que já riu com ele e transformá-lo num cisne de cristal, baço.
Terceira
Ler os poemas que trazem as melhores memórias, com um copo do melhor vinho na mão, corpo confortável e espaço acolhedor. Enquanto as lágrimas ficam encarceradas nos olhos, elas estão lá, consigo vê-las ao espelho, todos as conseguiriam ver, mas nenhuma escorre, ficam cá dentro.
domingo, 20 de janeiro de 2013
Eu até gosto do mundano. Também acho curioso as partidas que a mente nos prega e acho hilariante algumas coisas que nunca consegui dizer, a forma como as nossas cabeças nunca batiam no peitoral da chaminé, a osga que aparecia para dizer boa noite e pregar um susto ou outro, bem perto ela uma vez passou, simpático bicho. Imenso riso me causava quando procuravas as meias de manhã com um olho aberto e o outro ainda colado pelo sono, quase sempre as trocavas e escondias os furos nos dedos com outras meias mais grossas, o cabelo desgrenhado pela almofada que causa insónias, (não era a almofada, era eu, eu sei) e a forma simpática com que dizias ao espelho:
- Estou horrivel.
E com carinho sempre disse:
- Não estás nada, estás linda.
E depois caia de novo no sono.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
Adormece. Louco.
Acorda.
Num caminho sinuoso, tal como o
nosso desengano, encontro varandas carregadas de beijos abandonados, vielas mal
iluminadas que empurram o corpo para lá, ruas de abraços desencontrados.
Memórias. – Cala-te lá rapaz – digo numa surdina que nem a mim próprio convence:
– Uma rua onde ainda não passei. - Toda a mente em rebuliço. -
Caminhar é terapêutico, Caminhar é terapêutico.. – mantra.
Parou junto de uma
janela, a luz estava baixa mas dava muito bem para perceber o que se passava,
era a dança de dois amantes.
- Curioso.
Os corpos balançavam um sobre o
outro, as roupas já jaziam pelo chão e dá para entender os abusos que já haviam
passado, não dava para ver muito bem as caras mas ela era uma bela miúda que
trabalhava numa loja de meias onde passava todos os dias, ficava numa esquina
onde se vendem castanhas e jornais, onde se reúnem sempre grupos de pessoas
muito eterogeneros, desde o pedinte do vinho à mais bela armação de laca de Lulu
ao colo e por incrível que pareça, de aí não existem recordações como no resto
da cidade, mas verdade seja dita:
- Muito bela, a miúda. Caminhemos
novamente.
Apenas vinte passos à frente está
uma mercearia aberta com vários litros de cerveja gelada, agarro em duas SuperBock de litro e peço uma garrafa espalmada de Bushmill's, um Ventil e um livro
de mortalhas, já se sabe.
O tipo responde num dialecto
muito próprio, que só os Bangladeshianos têm, que são 19€:
- Fodasse, lá se vai o orçamento,
está feita a noite.
- Dézanovi euro, por favôr.
- Está bem, está bem. – Enquanto
começo a por o produto na mochila deixando uma cerveja de fora, para o caminho.
Esta cidade até tem qualquer
coisa:
- Pelo menos há cerveja! – Dito
em plenos pulmões.
Um caminho novamente familiar,
malditas pedras da calçada, por vezes só me apetece é arrancá-las e atirá-las a
janelas anónimas. – Caminha, caminha, ali à
frente já não há nada. – Novamente uma janela aberta, paro e olho
tranquilamente, uma família típica está a emburrecer em frente á televisão,
pior, é aquela treta da qual absorvo oito horas por dia, ainda bem que existem
drogas, agora sabe bem a cerveja.
- Segue o caminho.
Luzes em andares altos, esta
cidade tem esta particularidade podemos espreitar as janelas mesmo quando estão
no alto, basta esperar um pouco, dá para ver sombras, e imaginar o que se
passa, estará a ler um livro, a escrever cartas ou a pintar?! Poderá só estar
contemplar o vazio ou simplesmente estar a dormir, em paz.
- Olha, também me lembro desta
rua, ainda mais desta calçada.
Outra memória, uma mais distante
mas não tanto, ainda à pouco tempo calcava aquelas ruelas, ruas estreitas e mal
iluminadas, senhoras de idade indestinguivel sempre à janela, drogas oferecidas
pela malta que habita as ruas a beber cerveja e se esconde em casa da avó caso
apareça a bófia. E uma velha porta vermelha, sem campainha, uma casa forrada a
madeira, escadas íngremes e um janelão enorme com vista para a cozinha do
vizinho e uma nesga de céu, a bem ver dali todo o céu se viu e o único a vê-lo
não o fui, muitos por lá já passaram bons tempos. Um ninho, para mim e para ti,
onde já fui feliz, muito feliz, onde apenas uma persiana nos separava do mundo,
a ultima casa antes daquela cama.
- Que raio, já estou na Madragoa,
não me lembro de chegar aqui. – Enquanto tenta retirar o uísque da mochila. – Esta
treta deste crachá. Está-me a escafiar a camisola. – Um olhar breve e
rapidamente abandono a ideia. Um trago forte no uísque e lá vai um terço. –
Ah!.. Alento.
Nova garrafa de cerveja aberta,
mais um Ventil aceso:
- Que bom, mesmo na hora certa
para abrir mais um maço. Continuemos a caminhada.
O ritual de abrir o maço já é o
mesmo desde sempre quatro ou cinco pancadinhas que tenho o dedos irrequietos e
está-me sempre a cair o borrão, plástico apenas aberto onde interessa e o papel
cuidadosamente rasgado. O lixo, juntamente com as beatas que agora não consigo
mandar para o chão, para o bolso do casaco, que agora anda pendurado na alsa da
mochila. O calor aperta nesta noite fria,
talvez seja do álcool, não sei, sinto a noite quente, ou o corpo frio, não
interessa:
- Caminhemos..
Ruas desertas, parece que a noite
já avançou e ele nem deu por nada, como incrível é o tempo, coisa tão abstracta
e ao mesmo tempo tão castradora. Não tarda pode nascer o sol e ainda não vai
nem a meio do caminho.
Esta rua é estranha, vejo uma
casa ladeada por prédios de idade indefinida,
- antes do terramoto – pensei. Parece a casa da mariquinhas, abano a
cabeça e lembro a cantiga pelo velho e saudoso Marceneiro, um sorriso por esta
memória e continuo.
- Raio, não há mais cerveja, vamos
acabar com o Bushmill's junto ao rio, que se foda a memória, vou fazendo um pelo
caminho.
Evitando aquela avenida onde
recebi um abraço que ficará eterno, da vez que vieram ter comigo pela
madrugada, quão belo fora o poema. Que coisa, aquele momento foi melhor que
aquele beijo roubado à porta da casa de meus pais, num encontro que quase foi
desencontro, ela veio de longe para o fazer e eu não estava, tinha ido
alimentar um vicio que já desde essa altura me atormenta, as drogas sempre
foram uma forma de isolar o meu mal do bom, de adormecer as vozes que me
instigam a vilanar por aí, por isso quase perdia o encontro, esse belo encontro
de há mais de doze anos atrás, o primeiro beijo de amor. Apenas aquele abraço, junto a um atelier de design duvidoso, com vista para os comboios, no meio da calçada,
num suor frio, que nem o sentimos. Tal era o correr dos nossos peitos, memória.
Ele tentou não pensar mais nisso,
a memória alegre tinha tanto de boa como de mortificante e a caminhada ainda se
avistava longa, já haviam boas horas passado e os quilómetros foram longos,
mais longos seriam de volta ao quarto alugado onde habita, onde vive sempre
calçado e com tudo pronto para a fuga, - Só falta mesmo fechar-se a porta. –
caixas de coisas úteis, uma caixa de coisas inúteis que pode ser deixada, uma
mala de ferramenta que repara tudo menos a alma, umas guitarras e mais umas
coisas pequenas, que cabem nua caixa que tem que comprar, um saco com a roupa
gasta e está feita a fuga, agora só falta mesmo
o resto.
- Junto ao rio, finalmente.
Este
rio não tem memórias aqui. Penso em sentar mas algo me impele em frente, - Continua a caminhada. - sem pensar muito nisso, passo por armazéns e o que
parecem clubes de vela com velhas maquinas ferrugentas, esqueletos de ferro sujo,
um tipo passeia um bicho estérico pela madrugada, coitado deve passar os dias
fechado.
- Enfim.. Comboios!
Gosto destes comboios, já me
levaram e trouxeram em azafama e paz, tenho alguma saudade de andar neles –
Talvez amanhã.. agora a caminhada. – Vejo uns bancos em tudo desconfortáveis,
quem terá tido esta excelente ideia de por bancos sem qualquer tipo de ergonomia
e depois uma árvore seca a sair do meio.. Enfim, acho que fui eu que as paguei
mas não me sento neles, prefiro o muro de pedra, os tubos de respiração da barreira
fazem sons curiosos e interessantes conforme o andar das marés e o reboliço no
rio, oiço-os como se fossem uma composição que a natureza me está a oferecer,
olho para a praça e lembro os dinossauros adormecidos por baixo da relva, cada
vez que vejo um monte relvado penso nisso, obrigado por esta memória, é
divertida. Volto ao rio, já há luz a vir no horizonte, no final da garrafa de
uísque o céu está entre o azul e o escarlate, dividido por uma fina camada de
nuvens que difundem a luz de uma forma muito especial, o rio está espelhado, tal
como o desassossego está espelhado em mim com esta memória, rapidamente vou à
mochila e olho a foto que trago à imenso comigo.
- Fodasse, fodasse, ah! Raios
parta..
Nesta altura arruma rapidamente o
que traz consigo, a fotografia, os telefones que nunca tocam, o caderno dos
rabiscos, a garrafas e todos os despojos do consumo, anda rapidamente e sem
destino aparente, assombrado e a pensar forte e talvez até a falar em bom som:
– Caminha e respira, caminha e
respira, pensa em baldes de merda, caminha e respira, acende mais um cigarro
vamos lá, era para isto esta caminhada. Já o sabias, não o podes negar. Caminha
e respira, caminha e respira..
O sol já irradia do baixo alto e
as pessoas estão apressadas para os seus caminhos, é a tipa que ainda cheira a
champô barato, são os bolos da Brasileira, as perfumarias que vão abrindo pela
Rua do Carmo, o cheiro quente e agradável do café Nicola, mas de certeza que
naquela altura ira-a-lhe apenas saber a fracasso, até que o cheiro irresistivel
do caril e dos cominhos lhe subiu à mente, estava no Martim Moniz.
- Estou aqui?! Bem, uma chamuça e
uma cerveja.
Enquanto lentamente me vou
alimentado deixo os pensamentos fluir, deixo ir para prados verdes, para
momentos em que estar ainda fazia sentido, para os momentos de abandono, para
os caminho que percorro, enfim, em tudo e em nada, luto gravemente para não
voltar subir a ladeira pois posso muito bem aguentar isto, uma vez já chega, o
susto, por vezes só é preciso um susto, bate com força peito, o pior que poderá
acontecer é rebentar, quem ensinou que não se pode sucumbir de um coração
partido foi porque nunca amou.
- Vou dormir.
Uma caminhada curiosa, regada de
mulheres que se insinuam à espera de uns trocos, e eu num passo apressado, mercearias abertas com mais
cerveja fria, e eu num passo apressado, calçadas sem lembrança, e eu num passo
apressado, homens podres pedindo vinho, e eu num passo apressado, pessoas
abandonadas a vaguear pela rua que as acaricia, e eu num passo apressado, uma
praça ruidosa mas de agradável encanto, e eu num passo apressado e em vista um
prado verde, parei. Tão perto, mesmo ao lado de minha cama, um prado onde já corri e
hoje tenho receio de ir, mentira, vou lá todos os dias, lembrar e esquecer.
- Antes de ir tenho que deixar
algo.
Com um passo ainda mais acelerado dirige-se
ao fundo da rua, olha a varanda que um dia ousou ser sua, tal como Icaro quis voar perto do Sol. Concentrou-se no sitio
onde ela adormece e deixou mais um beijo.
Já na cama e com o peito em fogo
disse num tom de voz quase inaudível:
- Boa noite, varandas carregadas
de beijos e ruas de abraços desencontrados.
Adormeceu. Louco.
domingo, 13 de janeiro de 2013
sexta-feira, 11 de janeiro de 2013
Conselhos de uma mãe triste a um filho ausente.
- Filho, caga um grande monte de merda e põe ao peito. Depois sai para rua.
- Minha mãe, não entendo.
- Se for preciso espalha-a bem na cara e mostra-a ao mundo.
- Minha mãe, porquê?!
- Aquilo que nos sai pelo cu é o mesmo que nos entra no peito.
- Minha mãe, não tenho merda no peito.
- Pois não, tens amor, amor para dar a quem o não quer, por isso caga no peito e espalha depois a merda na cara, verás que assim serás feliz. Sempre deste demasiada importância ao que te vai no coração, o coração não é mais que uma parte suja do corpo, mais suja que a própria merda que cago todos os dias, e não podes deixar que essa sujidade te preencha os dias.
- Minha mãe, mas eu gosto de estar sujo.
- Eu sei que sim. Todos gostamos.
- Minha mãe, posso dar o amor que me resta a ti?!
- Claro que sim meu filho, estou aqui para aguentar toda a merda que precisares de largar, sou tua mãe e ninguém mais neste mundo sofre contigo da forma como quem te deu á luz. Faz o que digo, caga um grande monte de merda e põe ao peito.
- Minha mãe?!
- Sim meu filho.
- Minha mãe, assim o farei.
- Minha mãe, não entendo.
- Se for preciso espalha-a bem na cara e mostra-a ao mundo.
- Minha mãe, porquê?!
- Aquilo que nos sai pelo cu é o mesmo que nos entra no peito.
- Minha mãe, não tenho merda no peito.
- Pois não, tens amor, amor para dar a quem o não quer, por isso caga no peito e espalha depois a merda na cara, verás que assim serás feliz. Sempre deste demasiada importância ao que te vai no coração, o coração não é mais que uma parte suja do corpo, mais suja que a própria merda que cago todos os dias, e não podes deixar que essa sujidade te preencha os dias.
- Minha mãe, mas eu gosto de estar sujo.
- Eu sei que sim. Todos gostamos.
- Minha mãe, posso dar o amor que me resta a ti?!
- Claro que sim meu filho, estou aqui para aguentar toda a merda que precisares de largar, sou tua mãe e ninguém mais neste mundo sofre contigo da forma como quem te deu á luz. Faz o que digo, caga um grande monte de merda e põe ao peito.
- Minha mãe?!
- Sim meu filho.
- Minha mãe, assim o farei.
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
Clichés de poesia.
Mulher completa de sentimento
complexo.
Marcada por manchas de dor e paz.
Seu corpo tranquilo repousa capaz
De alimentar todo meu ser
Passar as mãos pelo seu rosto,
Deixá-las repousar sobre seus olhos
Pequeno prazer que lhe dou
Alegria imensa me dá, faz-me
Partir contigo para onde nascem
Os sonhos.
-----------------------------------------
Lembro
quando me cruzei contigo.
Naquela
praça lisboeta, de outrora
Acampamento
de revolução
Passagem
de um poeta antigo.
Teu
cabelo lançava chamas toldado
Pelo
vento, mulher, tentação
Apenas
vi um relançe desse momento
E
parei
Não
me reconheces, mais um estranho
Que
quer meter conversa – Olá
Disseste.
Retirei
os oculos de sol, de sempre
Que
sempre trago na cara.
Ah!
És tu – disseste espantada.
E
seguimos caminho em paz
Tu
com a máquina de rolo
Eu
com meus pensamentos
E
a esperança de te ver outra vez.
----------------------------------------
Teu rosto faz de ti
Poema. Como quando cai
A chuva no pleno Outono
Quente dos nossos dias
Como passam impunes, só
Para contrariar o que nos espera
Já chove meu amor.
Correm lágrimas pelas
Primeiras pétalas de Outono.
----------------------------------------
Foi
só isso.
Pouco
mais, fica, a noite
Perdida
em vendavais e tempestades.
---------------------------------------
Não
me importa que me abram a gaiola
Não
quero mais ser pássaro
Quero
ser eu.
Voar
com os pés na terra, o pensamento no
Peito.
Trago
os retalhos do que fui
E
as duvidas que me atormentam
Quero
ser quem ainda o não sou
Nada
perto de ser,
Imperfeito.
----------------------------------------
Feito
está, o que havia a fazer
Agora
vale a espera e não
Desespero.
Poderia
cantar canções de amor
Dedicar
versos à lua e às estrelas
Num
amado cliché de coisas escuras
Que
agora não mais parte fazem
De
meu ser.
Nada
faria, só augruras o traria
Não
peso mais na alma nem dedico
Ao
sol esta canção.
-----------------------------------------
Não.
O
não, mais não, escrevo
não.
Entre a tarde e a manhã.
Curiosas são as voltas que o destino dá.
Para quem já conhece a narrativa do Donnie Darko e me conhece a mim sabe que eu acredito que há uma maior força motriz que nos leva a passar por locais e a ter determinadas atitudes que já estavam pré programadas, há quem lhe chame destino, quem lhe chame acaso, quem não lhe ligue absolutamente nada, eu chamo-lhe caminho.
Ainda à pouco tive um desses caminhos. Fui pelo mais curto a pensar que iria lá ter directo e que perdia menos tempo, por outro lado tinha em mente que deveria ir por outro percurso de forma a passar mais perto. Acaso dos acasos, destino dos destinos, caminho dos caminhos, cruzámo-nos. Numa esquina familiar e onde nem um nem outro estávamos à espera de nos cruzar. Foi bom, doloroso mas bom. À muito que aquilo que peço é um abraço, nunca tolerei o abandono nem gosto de mal entendidos. Serei sempre teu amigo, pois trago-te no peito com enorme amor, carinho e respeito. Talvez quando esta porta que trago aberta fechar possamos ser os melhores dos amigos, fazer aqueles passeios que tanto falamos e nunca fizemos e quem sabe até fugir, mas agora somos cinco, pois comigo trago o Azul para me ajudar no caminho.
Deixemos o tempo passar e os nossos caminhos continuar..
Para quem já conhece a narrativa do Donnie Darko e me conhece a mim sabe que eu acredito que há uma maior força motriz que nos leva a passar por locais e a ter determinadas atitudes que já estavam pré programadas, há quem lhe chame destino, quem lhe chame acaso, quem não lhe ligue absolutamente nada, eu chamo-lhe caminho.
Ainda à pouco tive um desses caminhos. Fui pelo mais curto a pensar que iria lá ter directo e que perdia menos tempo, por outro lado tinha em mente que deveria ir por outro percurso de forma a passar mais perto. Acaso dos acasos, destino dos destinos, caminho dos caminhos, cruzámo-nos. Numa esquina familiar e onde nem um nem outro estávamos à espera de nos cruzar. Foi bom, doloroso mas bom. À muito que aquilo que peço é um abraço, nunca tolerei o abandono nem gosto de mal entendidos. Serei sempre teu amigo, pois trago-te no peito com enorme amor, carinho e respeito. Talvez quando esta porta que trago aberta fechar possamos ser os melhores dos amigos, fazer aqueles passeios que tanto falamos e nunca fizemos e quem sabe até fugir, mas agora somos cinco, pois comigo trago o Azul para me ajudar no caminho.
Deixemos o tempo passar e os nossos caminhos continuar..
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
Hoje, no dia em que completo 28
anos de idade, uma bela idade, um jovem com todo o mundo à sua frente, ciente e
capaz de tudo, mas nunca me senti tão triste, tão abandonado, tão sozinho e sem
esperança. Sei que logo à noite vem o Azul, tenho nele uma ponta de luz.
O mundo é um novelo, basta que
puxemos uma ponta e tudo se desenrola à nossa frente.
Espero ansiosamente aquilo que
sei que não virá, não durmo à dias nessa espera, pode ser que depois de hoje
passe, espero que depois de hoje passe.
domingo, 6 de janeiro de 2013
Carta aberta ao Cliché
Lisboa, 6 de Janeiro de
2013.
Porque raio é mau sentir os
ardores dos poetas?! Querer andar de boca rasgada e peito ensanguentado
enquanto se vai largando em pequenos pingos rubros aquela coisa, a que se chama
dor, pelas pedras gastas destas calçadas velhas e cada vez menos sedutoras, nem
mesmo para dormir, quanto mais para
tirar peso. Detesto esta cidade. Tudo me lembra a ti, e tu tudo me lembras.
Venho à semanas a caminhar por entre as ruas, à procura de algum sentido para o
quer que seja, estou farto, cansado da lenga-lenga em que amanha é outro dia,
que o tempo tudo cura, que devemos andar de cabeça erguida. Que mentira, porque
razão devo eu acreditar nela, o tempo
tudo cura, isso sim é verdade meu amor, é tão universal e abstracto que nunca o
conseguimos compreender, quanto mais vencê-lo e mais cedo ou mais tarde ele
leva-nos até lá, nem que seja ao ceifeiro. O dia de amanha pouco interessa pois
já o de hoje é como o de ontem foi. De cabeça erguida, ando sempre, é a única e
querida mascara que ainda uso, embora difícil seja esconder a tristeza e a
desilusão, consigo em pleno circular por entre os outros (lembras?!.. os
outros?!..) com uma singela expressão de vazio que em muito é reconfortante
para quem olha para nós.
Uma confissão faço. Pouco mudou
mas o que mudou foi muito. Não sou assim tão diferente do que fui, continuo com
a ansiedade sempre no peito, na solidão uma velha companheira com quem posso
desabafar, é verdade, no fim e no resto de tudo é o que impera, só ela fica,
não precisa ser mau basta que a abracemos e compreendamos que nela está o
espelho do nosso ser, são só nestes momentos de plena solidão é que nos
descobrimos, a mente leva para sítios onde antes não conseguia chegar, pensamos
nas montanhas, ou nas ondas do mar que nos são amadas, resolvemos as
desconfianças e criamos outros enigmas para depois sair.
Sinto-me o vértice mais distante
de um triângulo opaco.
Continuo a procurar no fundo dos
copos de aguardente uma qualquer resposta ou até mesmo um sinal se lhe quiserem
chamar assim, oiço o bastardo a cantar até mesmo quando não quero, leio os
poetas mais sangrentos e viscerais, cravo as unhas e rasgo, carne, papel,
ódio. Continuo a olhar para as mulheres com uma sede lasciva, causam-me calor
no corpo frio que trago, olho forte para elas e tenho pensamentos de vilania,
pelos miados de Zorbas e seus companheiros, que vergonha depois tenho deles,
mas que saudade do corpo quente e trôpego, de nos arrastar-mos pelas ruas entre
beijos molhados e já sem intenção, apenas beijos embriagados pelo álcool e pelo
calor absurdo da paixão. Quantas mulheres já eu destruí.. Ainda a pouco
encontrei uma que não via à largos anos, que mal lhe fiz, usei de seu corpo
pequeno e frágil como nunca ninguém havia abusado dele, enchi-lhe a mente com
poemas bonitos e e promessas de paz (olha lá bem isto, paz!) levei-a a locais
de amantes para a beijar fundo e deixar embriagada deste perfume que os que
pensam ser poetas trazem. Uma noite saí, nunca mais a olhei nos olhos nem falei
para ela, se bem me lembro só disse – Adeus. – enquanto olhava para a porta aberta, na noite seguinte
estava noutra cama, nunca na minha mas na de outra, um outro corpo, algo novo
para explorar e enganar, novos poemas a ler.
Sou um monstro, minha mente,
cada vez mais doente.
Ainda esta madrugada fugi, com um
pensamento fixo na mente, um fiozinho estreito de luz e agarrei na fuga, pensei
que ia fazer todas as horas de caminho com a mesma ideia, era uma resolução
forte, fazia todo o sentido, tinha acabado de me oferecer uma migalha, e ia
aproveitar, tal a loucura que estava no peito pensei logo em ir e parti. Suficientemente
longa foi a viagem para que a solidão voltasse a ser boa companheira, levou-me
ao portão, olhar para a varanda envidraçada tocar a campainha e dizer – Posso dormir
contigo, só esta manhã?!.. Tudo o que possa acontecer depois é contigo. – pés na
terra, não alimentes este fantasma, não sejas cruel, estás a ser egoísta e a
maltratar novamente alguém que já tanto abusaste, essa porta está fechada e em
paz, essa sinto em paz. Envia-lhe um beijo agradece o tanto que já fez e ainda
faz por ti (veio, para mim é necessário, não consigo tolerar o abandono. andei sempre a pedir ajuda nos locais errados) e dorme.
Mas neste longo ano que passou algo
mudou, abriu-se uma outra porta, uma que a tinha encerrado à tanto que já nem
me lembrava bem do que lá estava dentro, uma fonte, rodeada de quatros fortes e
velhos plátanos, uma roda que já não funciona e uma torneira de brilho
destoante, velhas paredes caiadas com risca amarela, uma luz que já lá estava
noutra altura e as mesas com o tabuleiro de xadrez gastas não do uso mas da
solidão e do abandono. Ainda lá está cravada na lateral da fonte a pequena cruz
que fiz com as minhas mãos ensanguentadas de raspar a cal e depois a velha
argamassa, agora está lá, mas pintada de branco. “A porta do coração, às vezes
teima em abrir”, nunca antes tinha percebido este verso como agora, não há
controlo sobre isto, não há a mais singela coisa que possa fazer, não existem
gestos românticos, dolorosos poemas lidos em voz alta para que os oiçam do alto
da varanda. Nada que possa pensar fará a porta fechar ou ficar aberta, ela abre
quando quer e todos temos a porta do coração.
Resta-me viver meus dias entre
poemas e canções, trabalhar para ter o dinheiro para as garrafas de aguardente e todas essas coisas que são demais necessárias para um dia a dia. E
continuar esta minha tão destrutiva e poética caminhada em procura do algo maior.
Obrigado Cliché, por leres as
minhas palavras, eu e a solidão cá esperamos noticias tuas pois saudades temos
de estarmos novamente em harmonia. Sempre foram as metáforas que nos uniram.
Gregório.
PS: Quando voltares tenta avisar
com um pouco de antecedência, para poder fazer um jantar de regalo para nós, é
que aprendi umas receitas fantásticas nos ultimos tempos e tenho uma garrafa de Chaminé ali à espera desse dia.
sábado, 5 de janeiro de 2013
sexta-feira, 4 de janeiro de 2013
Parto nesta viagem sem destino à vista, apenas um velho amigo me espera, um amigo que nunca havia de ter desprezado.
Não sei se volto, não sei onde ir, apenas sei que as questões que trago no peito talvez possam ser resolvidas. Pode ser nesta viagem que se feche a porta, a porta do coração. Já que agora nada me espera no regresso.
Não sei se volto, não sei onde ir, apenas sei que as questões que trago no peito talvez possam ser resolvidas. Pode ser nesta viagem que se feche a porta, a porta do coração. Já que agora nada me espera no regresso.
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