sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

3coisas

Sabe-se que se chegou a algum lado no desespero (quando se bateu mesmo fundo), [pode ser o aproximar da tona do lodo] quando se fazem três coisas [, coisas], três apenas (, coisas).

Primeira

Procuramos o amor, [a alma gémea, o mais que tudo, a paixão da vida, o môr, a merda que lhe queiram chamar] nos bancos do comboio. Aquela emoção da adrenalina e testosterona de ver quem entra na carruagem e com uma sede súbita lamber com os olhos a procura de outros olhos.

Segunda

Ouvir incessantemente os mesmos discos que já se sabe que transtornam e incomodam (sabe bem este masoquismo, algum prazer se extrai da dor, não me o negue), ouvi-los repetidamente e misturar sentidos com sentimentos, criar uma bola amachucada  de papel pardo, de um papagaio antigo de uma criança que já riu com ele e transformá-lo num cisne de cristal, baço.

Terceira

Ler os poemas que trazem as melhores memórias, com um copo do melhor vinho na mão, corpo confortável e espaço acolhedor. Enquanto as lágrimas ficam encarceradas nos olhos, elas estão lá, consigo vê-las ao espelho, todos as conseguiriam ver, mas nenhuma escorre, ficam cá dentro.

Sem comentários:

Enviar um comentário