Sabe-se que se chegou a algum lado no desespero (quando se bateu mesmo fundo), [pode ser o aproximar da tona do lodo] quando se fazem três coisas [, coisas], três apenas (, coisas).
Primeira
Procuramos o amor, [a alma gémea, o mais que tudo, a paixão da vida, o môr, a merda que lhe queiram chamar] nos bancos do comboio. Aquela emoção da adrenalina e testosterona de ver quem entra na carruagem e com uma sede súbita lamber com os olhos a procura de outros olhos.
Segunda
Ouvir incessantemente os mesmos discos que já se sabe que transtornam e incomodam (sabe bem este masoquismo, algum prazer se extrai da dor, não me o negue), ouvi-los repetidamente e misturar sentidos com sentimentos, criar uma bola amachucada de papel pardo, de um papagaio antigo de uma criança que já riu com ele e transformá-lo num cisne de cristal, baço.
Terceira
Ler os poemas que trazem as melhores memórias, com um copo do melhor vinho na mão, corpo confortável e espaço acolhedor. Enquanto as lágrimas ficam encarceradas nos olhos, elas estão lá, consigo vê-las ao espelho, todos as conseguiriam ver, mas nenhuma escorre, ficam cá dentro.
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