Saio de casa com o contrastado
dos mundos, as varandas que sobrevoam a cabeça parecem agora um temor perdido
de uma estória sem abandono, nem sentido – que se dá. Tenho algo para pedir,
não tenho nervo para a fazer – que esta coisa, que é a voz – saia dos seus
medos sobranceiros à existência e com eles vivos.
Tenho palavras trocadas em troca
de murros no estômago e esta condição ansiosa de estar perdido mas com um
breve feixe de luz a indicar o caminho. Rumo aos rochedos e quanto mais perto
de ti estou mais longe me sinto de mim. O peito sempre em fogo – ouve a canção que canto e foge comigo para o jardim
de perpétuas roxas e onde a madrugada se prolonga sem fim.
Sinto-me dividido agora, - entre
enviar-te esta carta ou - perdê-la entre as cinzas de outras tantas que nunca
provei. Sou, como quem diria, intervalado pelo medo.
Sou intervalado pelo medo.
Trago de mim. Um pombo correio
sem carta nem morada certa.
Trago por memória o esquecimento
uma vaga esperança de
encontrar um dia aforismos e
canções, rochas imóveis -
pequenos pedaços soltos e areia
com que possamos enganar o Sol.
(Nossos corpos profanados.
O sémen que escorre da virilha
não é mais do que o expressar
de um sofrer imenso, que nem
corpos, suados, trocados
imundos.)
Sou um pilar do meu próprio bom
senso. Um contradizer na
procura de ser e para lá, de
pensar, ser
contraditório. Escolho-te a ti
como adjectivo - da duvida que me
faltou ao objectivo - grandioso.
Saio de novo e a rua - sem medo
de me encontrar. – minha.
De volta à reclusão em modo
dórico.
Parvo no estar – talvez esteja e
me livre –
em pecado, paixão. Palavra
vómito.
Deveria estar pronto e não passo
disto.
Sumúla, nulidade, todos os pontos
juntos.
Sou alcoólico, confesso.
(sou viciado em beijos e carne.
Feridas abertas. Peitos. Convulsão.
Mordo-te a coxas, - enquanto
tentas não rir
- geme, que nada será. Maior o
engano
que dois sexos em contacto
profundo.)
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