quinta-feira, 23 de maio de 2013

E a lua quase cheia.. que rebenta pelas costuras gastas de um casaco negro de malha já rasgado, roto pelo uso e pelo cansaço.
Esta lua que fora união hoje demonstra o podre que sobeja dentro daquele poço onde reside algo, algo sem fim, que de negro se veste e de luz se transveste apenas para me enganar uma vez mais, e eu deixo, deixo com a alegria de quem é enganado por gosto, de quem vive alegre com a cruz e de que mais não quer saber. Que tem que vir de dentro para fora já o sei, desde sempre minha mãe o disse, que seja um terror viver com ela já eu sabia desde o dia em que conheci o alvor de uma madrugada de beijos e abraços embriagados mas não me importa, houve tempos idos em que me disseram: “Por vezes parece que nunca me sinto bem se não estiver a ajudar alguém, tenho um desejo por isso, por ser útil, por ajudar, senão.. senão não faz sentido”. E acredito pois eu tenho sempre o desejo de me importar com alguém, de andar com ela sempre no peito, num sofrimento atroz que fere e alimenta, que querem que faça?! Nasci assim, num sufoco de um amor estragado, num berço em que transborda a tristeza e a desilusão, cresci à força de braço e em guerra com um estar e um sentir, e agora mantenho-me assim, vivo num permanente estado de preocupação por ela, por ti, por alguém. Agarro-me a uma centelha do amor como se fosse ar pois nasci, cresci e vivo sem ele, é mais simples a explicação do que parece, sobrevivo da tristeza que o amor trás e isso faz de mim um ser atroz, indesejável, sufocante e acima de tudo, sempre em pânico.
Tento agora que a luz me ilumine e rasgue o corpo, faço luto por um grande amor que já partiu e não volta, tento não me preocupar nem deixar que isso afecte os meus actos, caminho de cabeça erguida por entre as gentes desconhecidas e anseio o retorno. Mas não me digam como me devo sentir, se se ama forte e se tem dificuldade em deixar partir é porque foi um grande amor, provavelmente aquele, tal como os outros que deixei partir por causa desta minha nuvém que apenas trás negro a quem me acompanha, desiste, desiste de mim mas não digas que desista de ti, se lês estas palavras é porque queres saber, já não sou o mesmo, a poesia agora é outra embora me entristeça a alma de nunca ter conseguido fazer com que esse tal negrume alheio desapareça, pois sempre foi essa a minha grande preocupação e aquilo que mais me intriga, porque nunca fui capaz de fazer florescer o amor e sempre destruí tudo à minha volta quando o que mais quero é o bem, esse tão mal amado bem, fazendo as palavras do meu tão querido bardo bastardo minhas:

“Chegámos ao fim da canção e paro um pouco para dormir.”

quarta-feira, 1 de maio de 2013

O teu perdão..



Em breves momentos pensei que a distância chegava, e por momentos chegou, pensei que iria fechar a porta que o meu peito teima em deixar aberta e que voltaria um novo Homem, capaz de voltar a andar por entre as ruas e não mais querer saber, gostar de novo de procurar uns cabelos, agora de caracois finos e loiros e enamorar por uma qualquer viela que por muito que já lá tenha passado pareça completamente nova, pensei que com tempo, com o tempo que passo só, tudo passasse como se de nada se tivesse tratado, uma memória, não um fantasma que me atormenta. Não dar por mim a pensar em ti, no brilho rubi dos teus cabelos no preocupado que fico quando penso nos teus olhos chorosos e em não ter noticia alguma, de saber como estás, apenas estórias vagas de passagems dúbias de por onde tens passado, mais não sei, não me o dizes, nunca disseste e a culpa sempre minha.
De que vale dissertar sobre isto senão o alivio pesado que me trás a alma e a tristeza que te levo a ti e o quanto me custa essa tristeza. Vergonha das palavras.
Tenho medo, sempre tive, e tu?! Tens medo?! Porque não me o dizes, porque nunca me os contaste?! Quero saber como estás com quem andas e o que se passa, se os sais de prata retêm as melhores imagens, se os bichos estão a salvo, se dormes bem de noite, se os pasadelos já passaram, se as feridas que teu corpo carregou desapareceram para sempre, como vão as crianças que têm medo de brincar por serem tão diferentes, se te denovo te enamoras, e tantas coisas mais que não tenho tinta para as escrever, quero saber, sempre quis, sei que não tenho desculpa mas sempre o senti assim, vil pensamento o meu de não saber que fazer, este negrume que apenas a tua presença acalmou e nunca fez desaparecer, que raiva de ter ido embora, que odio do sufoco que causei, apenas por uma coisa, por nunca ter sabido o que foi e é amar assim.
A lua mingua e com ela mingua a minha alma, é uma coisa que sempre tive, mesmo ao teu lado era assim, mas quando a lua de novo for crescente e claridade que ofusca quando está nova voltarei à calmaria. Esquecer-te-ei devegar, senão ficarás para sempre marcada a ferro quente no fundo do que resta do meu peito. O quanto quero regressar para gritar do fundo, olhando para a varanda vazia, quanto é grande meu amor por ti, pensamento inutil e idiota.

Que me perdoes minha musa, que renasças das cinzas, minha fenix carmim.