sábado, 15 de dezembro de 2012

Retrono ao azul Fá#Maj7



Fico pasmado até com o pensar. 

Hoje de volta a esta cela onde tenho passado meus dias, a luz ofuscante dos monitores faz com que a alma se retraia, absorvida por um profundo peso gravítico e abate-se sobre si mesma. Os dias que passam entre soluços descontrolados e a contemplação da chuva são uma constante desde a partida, sou o amado cliché que sempre fui, lamechas, desesperado e só, ansioso pela destruição de algo que só a mim me estilhaça o ser.
Não vejo numa gota radiante um pouco de brilho que seja, as amoras silvestres colhidas com carinho agora são espinhos que atravessam o peito, são os amargos cafés que bebo pela manhã, são dolorosas memórias da varanda onde sempre tem nascido o sol, ali mesmo a um passo do que chamo lar.
Poderei ter pisado as pétalas de Outono e sentido as primeiras chuvas, que não foram mais que um pequeno suspiro na imensidão do que já havia partido, lágrimas frescas de veludo que corriam pelas calhas da varanda. Meu peito uma cratera, meu corpo um frasco para uma alma já cansada de penar. A vergonha cobre o semblante que trago carregado, mendigo por um abraço que não vem, mingo, recuo, murcho e desfaleço nesta cama, neste leito fofo que me acolhe em exaustão.




1 comentário:

  1. Que te alivie o saber que não é só dentro de ti que há assim, que aprendas a dar-lhe só o suficiente valor por um dos inúmeros meios. ()

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