terça-feira, 14 de novembro de 2017

Raiva do Dia

Estou farto de hipocrisia, hipocrisia nas palavras das pessoas, nas chamadas redes sociais, nas conversas de café, nos debates políticos, nas palavras que troco à mesa com os meus pais, nas opiniões dos mais variados painéis de comentadores político-sociais (e ó desportivos).

Deixo aqui de parte a poesia (mas não tanto a ironia) e tento ter uma análise objectiva, que tanto de subjectiva tem como qualquer boa análise se quer, para tentar fazer o ponto de situação da Humanidade que sinto em mim e que tanto me doí e me faz perder o sono que tanto necessito para continuar a existir.

Sejamos honestos, a culpa dos incêndios, dos roubos em paíois militares, das almoçaradas em panteões e escolas maçónicas, das negociatas com submarinos, messes, falsas licenciaturas, trafulhices várias, não advém de hoje nem de nós povo, advém de uma pura hipocrisia de uma certa classe neo-burguesa de raiz judaica (prometidos portanto, não sou anti-semita, muito pelo contrário, sou a favor da comunhão de todos os povos e todos os credos, apenas não suporto a ideia de ser-se prometido e, de que, por herança se tem supremacia sobre o quer que seja, é apenas um reparo e bem real neste caso). Foram estes seres que atentaram perante os valores do amor e da vida e que tanto fomos menosprezando até ao ponto sem retorno em que nos encontramos hoje, sim, esta análise é um apelo à rebelião.

Vejamos alguns tópicos sobre e reflectimos:

Vemos animais a morrer à fome e à sede, comemos croquetes de vitela, leitões e cabrito, não sabemos de onde vem essa tradição, vem dos pobres criadores de outras eras que tinham que sacrificar as crias para bem da manada e faziam delas uma refeição pois nada se podia desperdiçar. A fome era imensa. Hoje em dia é "chique" e considerado "gourmet". E dizemos que estavam óptimos, mandamos vir uma alheira de caça.

Ficamos emocionados com as crianças a morrer de fome e dor no Darfur (alguém se lembra?!), na R.C.A., na Birmânia, na Síria, na Venezuela e em que mais locais espalhados por este mundo. Não damos conta que a vizinha de baixo passa fome para dar de comer aos netos, bebe dois copos de água e vai para a cama pois amanhã a estória repete-se. E deitamos o resto da sopa no lixo pois amanhã vai estar azeda.

Temos pequenos ditadores do novo mundo, e de alta influência, a sortear um planeta que não é deles. Em vez de nos insurgirmos ficamos parados a teclar furiosamente tais fascistas do pensamento em que só a nossa razão é pura (coitado do Kant) e que são as nossas opiniões inflamadas e sem contexto, e muitas vezes sem noção, é que vão mudar alguma coisa. E continuamos a ler e acreditar nestas baboseiras.

Todos ofendem os outros por causa de menos de duas dúzias de pessoas, que auferem milhões, a correr atrás de uma bola para a tentar por entre dois postes quem nem cães, sem deixar de dar primazia e amor aos cães pois para eles isso é felicidade e não uma forma de ser superior a outro, é apenas uma forma de passar o tempo, entre sonecas e comezainas. E regozijamo-nos quando o nosso clube vence.

Os putos escrevem mal, não aprendem nada na escola, tratam mal quem os atende e cometem pequenos delitos como se fossem donos de um mundo que não é deles, os professores pensam que são intocáveis e nada fazem para se impor graças a um sindicato que não é mais do que um pequeno latifúndio de um proto-fascista de bigodaça farfalhuda. E pedimos a demissão do ministro da tutela.

Existe uma geração, a minha, que nunca soube o que é um subsídio de férias quanto mais o décimo terceiro mês, que entrega mais de metade do que recebe do seu trabalho árduo a um estado que não o protege de qualquer forma, a indignação vem da parte de empresários com avenças milionárias em que um ponto decimal a mais na sua contribuição ao bem estar do povo que o rodeia e sustenta já é demais. E dizemos em voz baixa: "Coitados dos desgraçados que trabalham, precários e a recibos verdes."

Ficamos ofendidos quando se faz um jantar de gala num local que não é mais que um monumento à república, ao reinado Afonsino, ao advento e diáspora do Homem português e que pode e deve ser utilizado para muito mais do que um sarcófago, quando na realidade poucos são os corpos realmente lá sepultados e que estão muito fora da nave onde esses eventos decorrem (conheçam os espaços, Sta. Engrácia é muito mais que isto) e que vêm de todos os campos da existência e que são apenas uma forma de relembrar a nós, povo português, que somos muito mais do que essa pequenês mesquinha, que somos Pessoa, que somos Almada, que somos Cesariny, que somos Régio, que somos Oulman, que somos Paredes, que somos Camões, que somos Sancho, que somos Egas, que somos Saramago, que somos Lobo-Antunes, que somos Siza-Vieira, que somos Herman, que somos Villaret, Sinde Filipe, Paião, que somos tudo isto em muito mais que não tenho caracteres que cheguem para fazer jus ao génio. E ficamos inflamados e raiventos pelo desconhecimento e preconceito sem nunca termos bem feito reverência a todos estes seres e os valores que acarretam.

Existiu uma revolução sem sangue que não foi mais que um virar de regime, para bem duma Europa que se queria reunida numa tentativa de irradiar a divisão que a cortina de ferro deixada por uma outra guerra deixou mas que ainda se manteve por muitos mais anos. Resultou em anos de anarquia, tristeza, dor e morte para os que estavam dependentes desse regime ou que queriam um melhor, ou uma forma de liberdade que não aquela ou a que foi instaurada, para os que cá estavam e para os que voltaram sem nada. Deixou quem lá estava, e que esteve desde sempre, sem nada e ainda hoje numa guerra sangrenta, na corrupção, na fome e no abandono. Hoje damos vivas a Abril como se de algo de bom, para além da liberdade de expressão e abertura ao mundo, o que já era garantida a essa classe que hoje nos deixa neste desespero, (alguém se lembra da chegada apoteótica, ou idiota, de um célebre estadista a Sta. Apolónia?!). Tiveram que vir os importantes do F.M.I. e os governantes dessa Europa impor o seu respeito e leis. E hoje esse dia é feriado e vai tudo para praia que o Atlântico é generoso.

Ficamos estupefactos quando um segurança de uma discoteca da moda é filmado a espancar alguém mas não nos questionamos o que esse alguém possa ter feito para essa acção ter acontecido, nem em que local é, nem como lá apareceu, muito menos o que se sempre lá se passou, tal como não se conhece o Cais do Sodré antes da Rua Rosa (saudosa Rua Nova do Carvalho), ou a Mouraria, ou o Intendente, ou o Desterro, ou até mesmo ao meu lado no antigo Parque da Cocheira. E a raiva aumenta e dizemos que a culpa é das empresas de segurança, sim, têm culpa no cartório pois em tempos tiveram "carta branca" mas não é assim tão simples.

Não consigo escrever mais, se não, não iria parar, tal a hipocrisia que se vive aqui, neste pequeno Paraíso "à beira-mar plantado", tal como chora Camões.

Isto é só uma análise à Humanidade local e universal tão objectiva como subjectiva pode ser. A nada devo, a nada temo, como diria Pessoa: "A minha pátria é a língua portuguesa". Sois todos uns tristes, vós que vindes para a rua escrever num anonimato frágil e sem saber de causa, que tendes ideias dogmáticas sobre o ser sem saber o que é dogmatismo, quem nunca reflectiu sobre Proust e o que é encontrar o tempo perdido, quem nunca percebeu que o Álvaro só queria comprar tabaco, quem lê os pasquins e devora o mediatismo dos canais televisivos de (des)informação a assimilam aquilo como verdade universal, que se deixa indrominar por esses pensares construidos à medida do que se quer para um bem só de alguns sem ter o mínimo de consideração pelos outros, o todo, destruídos e reconstruidos sobre o engano, apenas para que não se pense bem e se tenha uma ideia pré-concebida do mundo que não é o real. Viagem, olhem, escutem, sintam o mundo e tirem a vossas conclusões. O mundo está podre e cabe a nós livrar dessa podridão, sem guerras, sem fúrias, nem dictatorismos, apenas com amor e carinho.

Aqui me despeço, deste texto violento e raivento mas apenas meu e nada mais. E em lágrimas, chamas e fúria, serei sempre vosso.

Gregório.

terça-feira, 21 de março de 2017


E no fim fico eu o cão. Deitados os dois já sem fôlego de tanta paixão.
Foi num Março que tudo começou e em Setembro findava, será que
meus amores andam com a Primavera e morrem com o Verão?!
Ou éramos nós tão tristes que nem de nós sabíamos – numa procura
por um ser maior – que só há no calor que apenas existe lá: entre
o posto 6 e o centro de Ipanema; com amor de Vinicius – e sua bênção,

poderá ser eterno.

sábado, 24 de dezembro de 2016

Necessito amar, escrever e sentir.. desejar o amor e não sentir esta solidão má, aquela que não faz companhia.

sábado, 8 de outubro de 2016

terça-feira, 27 de setembro de 2016

porque razão nos aproxima o Universo
para depois ventos de sul e de saudade
nos levar para lá do mar e cair no

esquecimento.

terça-feira, 6 de setembro de 2016


Quando formos velhos e, talvez, cansados
mergulharemos no abismo. Até lá viverá
dentro de nós este eterno amor.

quarta-feira, 27 de julho de 2016


Quanto mais te quero no esquecimento mais tua sombra brilha sobre minhas costas.

segunda-feira, 4 de julho de 2016




O que nos fizeste a nós Tejo?!
A luz, energia, brilho iguais
continuam mas não teus habitantes
são estranhos agora, já não há
o claro no Cais das Colunas nem
a língua mãe existe, só pedaços
abandonados em poetas, alcoólicos
e outros tarados (quero-te o corpo).

O sol já se pôs atrás da ponte,
os corpos já seguiram em seu caminho,
as almas ainda não foram acordadas.
Já nada interessa a não ser o teu encontro.

Com o Tejo, o nosso velho Tejo.
Junto ao Cais, perto de Alfama e
sempre no largo da igreja onde
chorámos um dia.

Chamaremos-lhe Amor, quando

nascer.

quarta-feira, 29 de junho de 2016



Foi Al Berto que nos viu nascer.
Foi com ele que assim descobrimos.
Foi com essa ânsia de amor proibido.
Foi com ele o meu prazo de validade.
Foi assim que esse nós aconteceu.
Foi assim como de nenhuma outra forma podia.
Foi assim a forma que fomos, somos e seremos.

Amantes proibidos.

Os que não voltam, que nenhum dia novo voltará ao existir.

Foi assim que um dia tudo acabou sem ter nunca começado.

Ainda estou de caminho penso
aterrar amanhã. Não quero
deixar de gostar. Amo a
viagem, a estrada entre
a cidade e o mar – que ficou
longe – enquanto na varanda restava
o silêncio e o ar. Quando acabar
este rumo fecha-se o tempo
que ficou no quarto de porta
aberta. Para que todos soubessem
a loucura que é amar assim.