Lembro bem Baudolino.
Adormecer não era mau,
Vem só e sem medo.
Saboreia a liberdade.
Enquanto me engano nesta carta mais sede me dá ao pote. Que fazes tu meu
velho, enganas-te ao tu, a ti e a ela, não gostas de lamechices. Pelo menos não
com os outros.
Apenas só para ti, guarda bem, poderá ser a presa ideal, sei bem
quem tu és, vilão de arte antiga, redundante por tal.
Lembro bem Baudolino.
Que mentira tão estranha, sabor a vinho, entranhas. Passagens dormentes clichés
ardentes, saberás melhor. Dá logo um tiro na fonte e acaba com isso, que ansiedade
por estar sóbrio.. Por reconhecer que pôr o amor à venda pode ser a melhor
escolha, tal como desnecessário é, quando vale tudo pelos prazeres da carne,
suave corpo, alvo como a madrugada, belo, tentador, inalcançável, musa, uma
outra musa.
Adormecer também não era mau.
Enquanto estava na cadeira dura nada custava, a dor era outra. Não o medo
da fatalidade novamente. Sendo eu bastardo d’alma, como disseram aqueles tipos
chungosos à porta da Brasileira, pouco antes de ser apedrejado no Rossio. Detesto
esta cidade, traz ódio em mim. Quero agarrar em ti, nela, na outra, numa qualquer
e fugir para longe, não interessa onde nem quando nem por quem, por nós meu
amor, o céu?! Não tens saudades dele, de como pode ser belo longe daqui,
comigo, contigo, com ela, com outra qualquer.
Vem só e sem medo.
Conclave misterioso deve ser teu seio, dessa brancura imaculada, mal não te
farei a não ser que o queiras.. Fui apanhado pela minha própria teia, senti um
ardor no escalpe como não sentia desde terno jovem, inconsciente portanto. Agora
hajo diferente, sinto o dom da hipocrisia que se apoderou de mim, na falta de
escrúpulo com que actuo e da forma em que o manípulo em ti. Tenho desejo de outra
musa, sejas tu, seja ela, seja uma qualquer, pudesses ser tu um dia a salvação
e vivermos nós em harmonia, fénix carmim.
Saboreia a liberdade.