segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Fuga - Sib9

Como pode não estar morto.. Como pode ainda ressalvar-se dos escombros depois de ter dado um tiro na própria fonte, o corpo ainda mexe, a mente ainda funciona e o pensamento não para – há sangue salpicado meticulosamente pelas paredes, parece uma linda obra de arte num famoso museu deste século.
[Saudar a beleza desta e de outra mulher, este demónio que me acompanha, já diria o bardo bastardo - mulher é Deus o céu é bom.]

Procurei-te da melhor maneira que sei, deixei passar algum tempo, deixei-te a pensar se realmente haveria algum encanto, deixei-te esquecer e pensar que foi só mais um acaso de uma noite fortuita, mas não. 
Sabes que as pequenas conversas, os pequenos detalhes são que ficam, não esqueci que musica ouves, a que ritmo teu corpo dança nem menos menosprezei os locais que percorres, não sei tudo, mas estou bem informado.
Posso falar contigo?! Estou desiludido com a vida, preciso de colo, mama, carinho, descansar, hoje nada escorre sem serem as lágrimas, pequeno pedaços de dor despoletados por qualquer coisinha que eleve o sentimento, por vezes basta aquele acorde s[o]uar, ou a palavra so(u)ar, ou até mesmo quando perfume anónimo me chega ao peito, qualquer coisa que me faça lembrar, é tão idiota quando a mente apenas diz avançar, apenas diz que tem que ser, que amanha vai ser melhor, que para a próxima fazes uma melhor escolha, que ela vai dormir contigo e que não vai embora na manhã seguinte, sonha cliché, sonha!
(..)
E dou comigo agarrado à chucha. Tento desesperadamente falar com alguém, arranjar uma qualquer hipótese de fuga, de escape para longe. Tenho um desejo tão forte de me evadir novamente, partir sem nada, desejar que fulgores antigos deixem o tormento e de voltar a um ninho que já foi meu [, que é meu] (e será sempre meu).
Alimentar-me será um sacrifício, cada trago que dou é como se um gatinho bastante assanhado fosse a escorrer pela garganta, travo amargo desta desilusão, fugir! Ir embora e sem medo, partir!
Meticulosamente corro todos os contactos que tenho, que já são tão poucos, este trabalha, aquele está casado, este gosta de chupar pichotas, aquela nem quero voltar a pensar, e as outras estão-me quase a causar vómitos.
Raio. E agora..

(sai da sala, volta ao pensamento)[subi meio tom]

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